VITÓRIO
GHENO artista plástico
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VITÓRIO GHENO nasceu em Muçum, Rio Grande do Sul, em 26 de outubro de 1923. Seu nome de batismo é Vitorino Gheno, mas desde os sete anos de idade, passou a chamar-se pelo nome artístico VITÓRIO, como é conhecido de todos em todos os lugares. Com apenas quatro anos de idade, mudou-se com os pais para a rua 24 de outubro em Porto Alegre, no bairro Moinhos de Vento, onde viveu por seis décadas. Desde o fim dos anos 1980, mora no Centro Histórico da cidade, onde trabalha em seu atelier e pinta diariamente, depois de morar desde os quatro nos de idade no Bairro Moinhos de Vento, onde manteve galeria e loja especializada em decoração de interiores, junto com seu antiquário. Gheno é artista plástico, artista gráfico, ilustrador, gravador, aquarelista, desenhista, publicitário, jornalista, designer de mobiliário, antiquário, decorador e designer de interiores especializado em Hotelaria Brasileira, com milhares de obras espalhadas por vários países do mundo e vários estados brasileiros, centenas de litografias criadas e dezenas de hotéis brasileiros com projetos de decoração assinados pelo artista gaúcho. Além disso, realizou dezenas de exposições individuais desde 1947 com êxito total de vendas em todas. As obras de Vitório Gheno não esquentam as paredes das galerias e tampouco as paredes de seu atelier. Todas estão nas paredes das casas de seus colecionadores. Ainda estudante do ensino médio nos Colégios Rosário e Anchieta, Gheno foi descoberto por Mariano Sanvicente e começou sua carreira artística profissional apenas com 14 anos de idade na Seção Litográfica da Editora Globo em Porto Alegre. Em seguida, seis meses depois, já havia sido descoberto também por Ernest Zeuner – artista gráfico alemão radicado na Capital – que chefiava a notável Seção de Desenho da Globo, onde o adolescente artista Gheno, passou a trabalhar, criando e ilustrando ao lado de grandes artistas gaúchos da época, como Edgar Koetz, Edgard Kletner, João Faria Vianna, Nelson Boeira Fäedrich, João Fahrion, João Mottini, Honório Nardin, entre outros artistas de especial talento. Lá permaneceu por quase 10 anos, onde passou a ser o pupilo de Zeuner com quem aprendeu quase tudo. De aprendiz de litografia, passou imediatamente para ilustrador da Revista do Globo, uma das mais importantes revistas da primeira metade do século XX, passaram-se apenas alguns meses, tamanho era seu talento para ilustrar e criar. Ilustrou dezenas de contos de escritores consagrados como Cyro Martins, Rubem Braga, Vinícius de Morais, Lygia Fagundes Telles, Fernando Sabino, entre muitos outros. Na Globo, também criou capas de muitos livros como o de Érico Veríssimo (México) e de George Orwell (A Revolução dos Bichos), entre muitos outros. Participou da fundação de entidades culturais importantes do RS no início dos anos 1940, como o Clube do Cinema e Associação Francisco Lisboa, apesar de - no dia da fundação propriamente dita da Chico -, Gheno ter saído antes da assinatura da ata no fim da reunião. Entretanto, seu nome consta nas diversas atas anteriores de várias reuniões antes da criação. Da segunda metade dos anos 1940 até fim dos anos 1950, trabalhou como artista ilustrador, publicitário, jornalista, diretor de arte, em três importantes cidades: Buenos Aires, Paris e Rio de Janeiro. Durante a Segunda Guerra Mundial, Gheno já estava em Buenos Aires, por sua própria conta, em busca de novas oportunidades de trabalho, onde ficou de 1945 até fim de 1947. Trabalhou em várias editoras argentinas como a Peuseur e a Editorial Atlântica, Sopema e Kraf e também agências de propaganda como a Proventas e Grant. Ilustra livros, cria capas e anúncios de publicidade. Torna-se amigo de Monteiro Lobato em Buenos Aires. Volta para Porto Alegre e busca seus amigos artista da Seção de Desenho da Globo, para também tentarem trabalho na efervescente capital argentina do pós guerra. Alguns ficam por lá e Gheno volta para o Brasil depois de receber o Prêmio Nacional de Belas Artes em Buenos Aires. Viaja a Minas Gerais e torna-se amigo de Guinhard, em 1948.
Continua
colaborando com a Editora Globo e com a Empresa Jornalística Caldas
Junior. É o ilustrador das personalidades impressas na primeira página
do Jornal Correio do Povo. Também ilustra a Folha da Tarde. Vitório
Gheno é o autor e ilustrador das primeiras crônicas ilustradas da
Revista do Globo. Começa a criar reclames, como eram chamados os
anúncios de propagando no fim dos anos 1940. Em 1950 viaja para Paris, também por conta própria, sem bolsa de estudos, para estudar e trabalhar. Retrata em suas rigorosas e apuradas aquarelas, os brasileiros na Cidade-Luz, e como correspondente envia ao Brasil para serem publicadas em revistas cariocas de variedades como as Revistas Rio e a Sombra: além das aquarelas, ilustrações, crônicas e capas de tudo que acontecia em Paris referente aos brasileiros que se encontravam lá no pós-guerra. Nesta época também morou em Paris, o grande artista gaúcho Iberê Camargo que, além de seu amigo, morava embaixo de seu apartamento na Avenue Montparnasse. Junto com o artista gaúcho Carlos Scliar, Gheno imprime suas litografias no mesmo atelier utilizado por Braque. De 1950 a 1952, convive entre ilustres como Christian Berard, Jean Cocteau, Marc Chagall, Marcel Vertes, Jean Paul Sartre, Juliette Grecot. E também brasileiros como Antônio Bandeira (este, já influenciado pelo artista norte-americano Jackson Pollock, um dos principais representantes do expressionismo abstrato no século XX), José Morais, Carlos Scliar, Iberê Camargo, Cândido Portinari, Genaro de Carvalho, Cícero Dias, Danúbio Gonçalves e Clóvis Graciano, entre outros. Cria estampas de tecidos para a Casa de Alta Costura de Madame Grees. Passa a frequentar desfiles da alta costura parisiense, enviando suas ilustrações para serem publicadas no Brasil. Cria aquarelas e estudos junto ao Ballet Internacional do Marquês de Cuevas, em Paris. Colabora com a agência subsidiária da McCann Erickson em Paris. Quando volta para o Brasil, é contratado imediatamente como Diretor de Arte da Agência McCann Eriksson do Brasil no Rio de Janeiro, onde fica até 1958.Cria muitos anúncios, entre eles: “ISTO FAZ UM BEM...”, slogan da campanha publicitária da Coca-Cola, juntamente com o poeta e escritor J.G. de Araújo Jorge, seu colega de McCann. Foi responsável por outras grandes contas na McCann, como a Esso do Brasil e a SAS - Scandinavian Airlines System, para a qual criou um de seus anúncios mais sugestivos:"PARIS COMEMORA SEUS OS 2000 ANOS. ESTEJA PRESENTE A ESTA FESTA VOANDO PELA SAS." Gheno foi criador do layout da Revista Manchete Nº1 lançada em 26 de abril de 1952. Colaborou durante alguns anos com a Revista Manchete, ilustrando contos de ilustres escritores brasileiros como Fernando Sabino, Afonso Arinos, Rubem Braga, Mário de Andrade entre muitos. No Rio de Janeiro dos anos 1950, conheceu Xico Stockinger, que se tornou seu amigo e foi morar e trabalhar em Porto Alegre, com a ajuda de Gheno. Conviveu com grandes escritores e artistas como Aldemir Martins, Djanira, Darel, Guilherme de Figueiredo, Maria Leontina, Athos Bulcão, Maria Martins, eram todos seus amigos no Rio dos anos 50. A partir de 1995, passa a colaborar com a VARIG, criando vários anúncios e também os cardápios internacionais para os vôos das novas aeronaves Super G Constellation 1049G Intercontinental, que passa a ter a rota entre Rio de Janeiro e Nova Iorque, em 1955. Ainda no Rio, Gheno desperta interesse pelo design mobiliário, exímio desenhista que sempre foi. Ficou amigo e estudou com o grande mestre da arte mobiliária, Joaquim Tenrreiro, português radicado no Rio. Profundamente interessado no design moderno e criador de peças e de mobiliário que primam pela simplicidade e funcionalidade, Gheno é um admirador da Bauhaus, uma das primeiras escolas de design, arquitetura e artes de vanguarda do mundo. Inicia na decoração de interiores quando a palavra “decorador” ainda não era utilizada no Brasil. Assinou diversos projetos de decoração de interiores de residências, clubes, hospitais, bancos e hotéis em todo o país. No fim dos anos 1950, Gheno volta a morar em Porto Alegre, depois de mais de uma década e meia fora, mas continua trabalhando em todo o Brasil. Cria o projeto e o design da primeira loja para venda de passagens aéreas da Varig, que era vizinha da Editora Globo onde iniciara sua carreira artística aos 14 anos de idade em Porto Alegre. Trabalha em várias agências de publicidade como Standard e MPM; colabora com o jornal A Hora depois de colaborar com o jornal Última Hora, de Samuel Wainer, no Rio.A partir da década de 60, já é reconhecido designer de interiores, com especialização em Hotelaria, área que atua até hoje, além das artes plásticas e gráficas. E em 1957, funda, em Porto Alegre, a primeira e melhor Loja de Decoração da cidade - GHENO - que leva seu nome, na rua 24 de outubro no Bairro Moinhos de Vento. Movido por seu espírito inovador, traz para sua própria loja a representação dos famosos móveis Forma, empresa paulista de mobiliário contemporâneo criada em 1955 pelo casal Wolf. Nessa época, a FORMA faz acordo com a Knoll International e traz para o Brasil peças de mobiliário assinadas por Harry Bertoia, Marcel Breuer, Mies van der Rohe, Florence Knoll e Eero Saarinen. No início dos anos 1960 passa atuar na área de decoração e design de interiores, especializando-se em Hotelaria a partir dos anos 1970. Assinou o projeto de decoração de dezenas de hotéis espalhados pelo Brasil inteiro, de várias redes hoteleiras, entre elas a Rede Tropical de Hotéis e a Rede Plaza de Hotéis, depois de uma longa viagem de estudos na Europa. Recomeça sua atividade artística criando litografias para os quartos dos hotéis que decorava, sempre com temas históricos e sócias das regiões onde os hotéis se situavam. Em seus projetos de decoração, passou a valorizar a cultura de cada região, onde os hotéis estavam localizados, criando litografias para decorar todas as unidades e quartos de cada um. Assim, hóspedes do mundo inteiro, puderam conhecer o patrimônio histórico cultural brasileiro através de suas gravuras, especialmente criadas para este fim. Entre muitos temas criados, estão os prédios históricos e igrejas de Salvador da Bahia; as PALAFITAS DO RIO NEGRO no Amazonas (Gheno morou por 4 anos em Manaus quando decorou o Hotel Tropical de Manaus do extinto grupo VARIG); os prédios históricos de Manaus, Belém do Pará, São Paulo, Minas Gerais; prédios históricos, cenas rurais e costumes do interior de Santa Catarina e Rio Grande do Sul como a colônia italiana e muitos outros temas importantes divulgaram e enriqueceram a arte gaúcha dentro do panorama nacional, dando-lhe a dimensão que até os anos 70 ainda não existia. Suas gravuras sempre foram impressas em papel importado 100% de algodão, visando vida longa e restaurações futuras. Gheno foi um dos artistas gaúchos responsáveis pelo engrandecimento das artes gráficas e plásticas do Rio Grande do Sul. Nas décadas de 60 e 70, Gheno também incentiva o Artesanato Mobiliário de Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul, orientando os artesãos na criação de peças de mobiliário, iniciativa que influencia todos os fabricantes de móveis daquela região, abrangendo mais de mil profissionais em todo o Rio Grande do Sul. Além da decoração especializada em Hotelaria, também assinou os projetos de decoração de interiores de clubes como Joquei Clube de Porto Alegre, entre outros, bem como hospitais como a ala nova do Instituto de Cardiologia em Porto Alegre, e diversas residências desde a década de 1950, bem como três projetos de decoração do PORTO ALEGRE COUNTRY CLUB - clube de golfe, em três diretorias, na segunda metade do século XX. Outra iniciativa de suma importância nos projetos de decoração de Vitório Gheno, foi a iniciativa de formar vários acervos de artistas brasileiros, para incorporar ao patrimônio permanente nos hotéis que decorou, valorizando sobremaneira a arte e cultura nacionais. Com esta ideia, sempre orientou as diretorias dos hotéis na aquisição de coleções de arte relevantes. Para o Hotel Tropical da Bahia foram adquiridas obras de artistas como Carybé, Hansen da Bahia, Di Cavalcanti e Mário Cravo. No Plaza São Rafael de Porto Alegre, orienta a aquisição, pela Rede, de obras de vários artistas brasileiros importantes como Glauco Pinto de Moraes, Glauco Rodrigues, Plínio Benhardt, Léo Dexheimer, Vasco Prado, Glênio Bianchetti, Goeldi, Xico Stockinger, Paulo Porcella, Danúbio Gonçalves, Aldemir Martins, Ernesto Frederico Scheffel, Carlos Antonio Mancuso e o consagrado e internacional pintor argentino e seu amigo, Vito Campanella. Em 1987, recebe agradecimento pessoal da Princesa Anne da Inglaterra, quando esta, em sua passagem pelo Hotel das Cataratas, também decorado por Gheno, elogia suas litografias. Presenteada, a nobre leva uma litografia para a Inglaterra e depois envia-lhe carta pessoal de agradecimento.
A partir da
segunda metade dos anos 1990, Gheno passa a dedicar-se cada vez mais às
artes plásticas onde mora no Centro Histórico, criando várias séries
importantes, entre elas as ALDEIAS URBANAS, que pinta até hoje. Em 25 de setembro de 2008 da Câmara Municipal de Porto Alegre, a COMENDA PEDRO WEINGÄRTNER , uma das maiores distinções da Câmara, conferida pelo conjunto de sua obra, por proposição do vereador João Antonio Dib, que justificou a homenagem registrando : “Vitório Gheno dignificou a cultura gaúcha e enriqueceu o patrimônio artístico do Rio Grande do Sul”. Gheno vive e trabalha em Porto Alegre: seu atelier está localizado no Centro Histórico da cidade. Pinta e cria diariamente. Sua produção é muito vasta e colabora incansavelmente para o enriquecimento da arte gaúcha e da arte brasileira. Como gravurista e ilustrador, sua produção de cenas regionais gaúchas, bem como de regiões de todo o Brasil, é muito rica e importante. Desde sua primeira exposição individual de arte no fim dos anos 1940, já era artista consagrado, conhecido por seu talento e seu temperamento modesto, bem como seu interesse incondicional por temas sociais e históricos regionais e brasileiros. O patrimônio histórico e artístico, principalmente o arquitetônico, foi dezenas de vezes retratado por Gheno em suas litografias (gravuras) como aquarelas e outras técnicas, colocando a arte gaúcha, junto com outros artistas de seu tempo, no panorama nacional. Um de seus temas preferidos é retratar a arquitetura histórica antiga das cidades ao longo do Brasil. Retrato prédios históricos do patrimônio brasileiro, como é o caso de vários prédios históricos de Porto Alegre-RS, inexistentes na cidade e perpetuados em sua obra. Não somente estes temas chamam a atenção do artista, interessado incondicionalmente na natureza e flora brasileira. São inúmeros seus registros gráficos e plásticos sobre Salvador da Bahia, Manaus no Amazonas e Belém no Pará. Entretanto, o tema social ainda é o que mais o inquieta: a série ALDEIAS URBANAS é objeto de seu estudo artístico e pictórico desde a virada do século: o tema é desenvolvido por Gheno desde os anos 1940 quando retratava as cenas rurais e depois, com o passar do tempo passaram a ser as cenas urbanas. Em novembro de 2012 participou do Projeto ARTEMOSFERA de arte urbana do Grupo RBS, com instalação de painel gigante com tela da série ALDEIAS URBANAS na rua Fernando Gomes em Porto Alegre - RS.
No início deste
ano de 2012, o artista plástico e designer VITÓRIO GHENO foi
convidado pelo Presidente Paulo Odone , então Presidente do Grêmio
Foot-Ball Porto Alegrense, para criar várias obras de arte com temas
gremistas e também assinar o projeto de decoração e ambientação dos
novos camarotes do novo estádio ARENA DO GRÊMIO em Porto Alegre. Gheno
também criou dois grandes painéis em mosaicos de vidro, de 3 x 7 metros
cada um, para as entradas da Arena: na ala Oeste já foi instalado em
2013 o grande painel em mosaico intitulado OLÍMPICO MONUMENTAL e na ala
Leste, o painel BAIXADA DO GRÊMIO será instalado ainda neste ano de
2014.
Em 2021 e 2022, criou o
troféu do campeonato de encerramento de cada ano no Porto Alegre Country
Club (PACC).
Vitório Gheno segue
pintando diariamente suas telas e trabalhando em diversos projetos para
os quais é solicitado, aos 99 anos. em seu atelier no Centro Histórico
de Porto Alegre...
* Seguem abaixo os
principais hotéis brasileiros com projetos de decoração e design
assinados por Gheno. Convém salientar que todos os projetos de decoração
assinados pelo artista, tem design do mobiliário também criado por ele. ** Seguem as principais exposições individuais.
PRINCIPAIS
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
:
Pesquisa, texto
e fotografia de NÁDIA RAUPP MEUCCI vitoriogheno@terra.com.br Atualizado em agosto de 2024. clique aqui na BIOGRAFIA DE NÁDIA RAUPP MEUCCI Observação: O texto abaixo foi incluido nesta biografia a pedido do artista Vitório Gheno, em 2023.
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